Vocais estridentes e autoritários, riffs de guitarra abrasadores e bateria e baixo pegajosos transformaram Sweet Fanny Adams, do Sweet, em um verdadeiro combo colossal para grupos que quiseram beber na fonte deste álbum em 1974, ano em que Rocka-Rolla, o primeiro do Judas Priest, ainda era uma tentativa de vôo no ninho.
Quando Brian Connolly (vocais), Steve Priest (baixo e vocais), Andy Scott (guitarra e vocais) e Mick Tucker (bateria e vocais) decidiram dispensar os serviços de Nicky Chinn e Mike Chapman, compositores que cuidavam das músicas do The Sweet no início da banda, os ingleses realmente se transformaram numa chave inglesa. Como o quarteto ganhou certa fama por não escrever suas próprias canções no início da década de 70 sob a tutela da dupla Chinn e Chapman, Sweet Fanny Adams é impressionante a partir desse ponto de vista. Do açúcar do primeiro hit, de 1971, Funny Funny, o Sweet de 1974 estava puro sal. A imagem Glam Rock estava lá, mas o espírito era outro.
Set Me Free e suas insanas harmonias vocais em falsete, sua velocidade e a voz comandante de Brian Connolly pode ser considerada uma injeção de adrenalina. A faixa título é interessantíssima, a ponto em que você percebe que Judas Priest, Metallica, Krokus, etc. devem ter ouvido este disco até furar, além de Sweet FA antecipar sintetizadores que seriam usados em Desolation Boulevard, do mesmo ano. Outra faixa, uma das mais carnudas do disco, é Heartbreak Today, com seu andamento cativante e pegada, que foram um protótipo para Thin Lizzy e Iron Maiden, além do já citado Padre Judas.
No You Don't, Rebel Rouser, Restless e Into the Night seguem na mesma linha, por vezes com Brian Connolly e Steve Priest revezando-se nos vocais. Peppermint Twist, original de Joey Dee & the Starlites, lançada em 1961, ganhou nova roupagem com o Sweet e uma interpretação que se casou ao intuito com o qual o álbum foi gravado, mas destoa do resto por não fazer tanto sentido ao tema proposto. Assim como acontece com a música Peppermint Twist, AC-DC também não agrada e o disco termina da pior maneira possível.
O segundo disco do Sweet parecia "doce" do ponto de vista da capa nas prateleiras em 1974, mas eles mostraram que a época de Chinn e Chapman havia passado, e uma nova página da história do rock era escrita, e com "literatura" da melhor qualidade. As letras provocativas, os ardentes riffs de guitarra que anteciparam o speed metal, aliados à uma cozinha que dá gosto de ouvir, definiram o futuro do heavy metal. Todas as pessoas que são interessadas no som do Sweet além dos singles de sucesso devem ouvir SFA até furar. Tenha uma boa audição e depois confira com atenção os trabalhos das bandas citadas, inegavelmente influenciados por Brian Connolly & Cia.