Coluna do Johnny

Um papo sobre a importância da qualidade sonora na vida das pessoas atualmente
21/10/2014

Recentemente, em um daqueles encontros em mesas de bar com brindes à uma boa conversa sobre qualidade de som, estive batendo um papo com meu amigo Rafa Hell sobre o assunto. É de se saber que o mundo hoje é algo completamente diferente do que presenciávamos antigamente, onde a massa procurava seus LP's favoritos nas lojas de discos e saíam com suas preciosidades compradas com um sorriso no rosto, sabendo que o toca-discos teria uma função importante no momento seguinte, com a qualidade sonora sendo 100% fiel de forma analógica, do mesmo jeito que a música foi gravado no estúdio, sem tirar graves e agudos, enquanto aquele ouvinte apaixonado sentava na cama e devorava a informação contida na capa e no encarte. É, definitivamente, os tempos mudaram, meu amigo Rafa Hell...
Mas a conversa prolongou, e o CD chegou ao topo, enquanto a Tônica e a cerveja Skol estavam no copo, assim como também aconteceu sobre Estéreo e Mono, o papo se estendeu. O MP3 é um formato de áudio que comprime a música de tal forma que come pelas beiradas, tirando a fidelidade dos agudos e dos graves, que formam a cereja do bolo clássica do Vinil. Mas o interessante é, que em um aparelho de som de boa marca como Philips ou LG, por exemplo, dependendo da intensidade, o MP3 produz um grave gostoso de se ouvir, enquanto muitas vezes em uma vitrola ou toca-discos comum, o botão está alí para você deixar tudo ao seu modo. De fato, o MP3 ainda corta bastante digitalmente o que se fez originalmente em um estúdio 4, 8, 16 canais, que seja. 
Mas fora isso, as pessoas parecem não se importar com a qualidade de suas músicas, comprando fones de ouvidos vagabundos, que sequer tem grave. Na minha peculiar chatice (ou divinal modo de pensar), prefiro gastar mais em um bom reprodutor de áudio do que deixar de escutar o baixo maravilhoso do disco Lar de Maravilhas, do Casa das Máquinas, por exemplo. 
Até mesmo os indivíduos que ficam com os celulares "abelha" tocando uma música horrível em uma qualidade horrorosa... até um fone cretino o ajudaria nesse momento de desespero alheio. 
Rafa Hell e eu prosseguimos conversa e mostramos um ao outro músicas que ouvimos com carinho ter seus rastros de chiados do vinil (aquele chiado clássico). Ainda em torno disso tudo, temos o FLAC (Free Lossless Audio Codec, que em tradução livre, temos o Compressor Gratuito Sem Perda de Qualidade), que é uma tecnologia muito diferente do MP3 e do Vorbis, que comprimem suas faixas com uma perda significativa de fluxo de áudio. Neste caso o FLAC é o compressor de maior fidelidade do mundo atual, registrando a música de como foi exatamente feita em estúdio. Na dúvida, é só comparar, um arquivo MP3 costuma ter 4 MB na média, o mesmo arquivo em FLAC teria em sua média 35 MB. 
Esse papo iria longe, mas a prévia de tudo isso e fruto de minha conversa com meu amigo Hell, apaixonado por AOR, está aqui. Um mundo todo diferente, mas que algumas pessoas com suas peculiaridades enxergam com certa diferença para não serem papadas pela mídia.

Resenha - Monsters of Rock (Domingo - 26/04/15)

O clima estava ótimo assim que o domingo começou. Muitas nuvens no céu ameaçando chuva e ventos frescos na cabeça, Headbangers faziam fila antes das dez da manhã no Anhembi, em São Paulo, horário em que os portões abririam para o segundo dia do festival, onde nomes do escalão de Accept, Judas Priest e Kiss estavam escalados.
Com o preço da água à R$6,00 (às vezes alternando-se entre 6 e 8), com a cerveja à R$9,00 e um Cheese Burger por R$15,00 (esse, no caso, o mais barato), era preciso "planejar" o dia inteiro para evitar o desgaste de se manter em pé e curtir o festival na medida certa. O local já fervilhava de gente antes da primeira apresentação dos brasileiros do Doctor Pheabes, que entraram em palco por volta das 13:00 ainda naquele clima nublado e com pequenos raios de sol aqui e alí. O vocalista Eduardo Fagundes instigava a galera à agitar e apresentava com sua banda um repertório todo baseado no trabalho "Seventy Dogs", lançado em 2013, como Suzy e Godzilla. Para quem não conhecia a banda foi um belo baque para começo, até mesmo e muito mais quando a dançarina "Suzy" subiu ao palco para um charmoso Pole Dance. Vale ressaltar que no Brasil há bandas de calibre internacional que sim, poderiam ter mais espaço no cast do festival, como o Doctor Pheabes.
Doctor Pheabes

Logo após, em um intervalo de mais ou menos 20 minutos (ou meia hora) na troca de bandas e toda a equipe trabalhando no palco, recebemos os californianos do Steel Panther (o que realmente, é quase um Massacration americano), para uma jorrada de Hair Metal e piadas com o típico senso de humor das bandas de Glam Metal/Hard Rock da década de 80 (nota-se que a banda surgiu no ano 2000). Com um repertório carregado de músicas dos seus trabalhos "Feel the Steel", de 2009 e "Balls Out", de 2011, além da divulgação do mais recente "All You Can Eat", de 2013, os seios voaram soltos em meio à gritos histéricos das fãs que subiram ao palco para uma verdadeira "confraternização" de belos seios à mostra, para todos verem, com direito à telão. O Steel Panther deferiu seus sucessos Community Property, Party All Day e Supersonic, além de outros que esquentaram a plateia, como a poderosa Eyes of a Panther. O guitarrista Russ Parrish, mais conhecido como Satchel, é uma figura à parte, dizendo em todo o intervalo de uma música para outra ao mesmo tempo em que lia na sua mão coisas como "nós adoramos as bundas das brasileiras" ou até mesmo fazendo gestos obscenos. Está certo que dá à entender a fama do Brasil lá fora nesse sentido, mas os californianos são assim mesmo nesse ritmo de zoação só. Enquanto isso, o Ambulante passava com a sua caixa de isopor para mais uma rodada de cerveja com os amigos Headbangers...
Lexxi Foxx e Michael Starr - Steel Panther

Terminado toda aquele show, era preciso esperar os roadies do sueco Yngwie Malmsteen levar ao palco todo aquele batalhão de amplificadores Marshall do cara... e problemas técnicos resultaram em um atraso de quase uma hora para a entrada do guitarrista. Coitado do roadie que cuidava de tudo com suor pingando do rosto e correria para lá e para cá (talvez seja bem pago por isso). Era possível avistar muitos sentando no show antes de começar ou até mesmo durante o show. É muito difícil falar de Malmsteen, pois sem dúvidas, é o melhor guitarrista atual do mundo, deferindo escalas atrás de escalas com a mesma facilidade de como uma criança bebe um leite com Toddy. Pouco simpático e completamente competente no seu instrumento, fica realmente difícil falar do show pois é algo para quem ama guitarra. Já quem não gostava, o chão estava lá para esperar Michael Kiske e seu Unisonic entrar para ter os nervos à flor da pele. Particularmente, Malmsteen não está no topo da lista quanto à gosto musical, mas não serei hipócrita de dizer que não fiquei de olhos pregados no que aquele sueco de batalhão de caixas Marshall fazia na guitarra. Vendo ao vivo, é mais perceptível que o instrumento vira um brinquedo nas mãos dele.
Yngwie Malmsteen

Antes de escurecer, ainda veio o presente do dia, o Unisonic, do vocalista Michael Kiske e do guitarrista Kai Hansen, os dois ex-Helloween. O guitarrista Mandy Meyer não se apresentou devido à sua agenda com o Krokus, então Tobias "Eggi" Exel, do Edguy, foi recrutado para as seis cordas no dia do festival.
"Unisonic" (2012) e "Light of Dawn" (2014) serviram para mostrar o quanto de lenha Kiske tem para queimar. Sempre mostrando-se atencioso para o público e com uma dose de bom humor em todo o show, com direito à uma pisada em falso no lado esquerdo do palco, sem perder a pose, muitos dos que prestavam atenção se arrepiavam. A pergunta é: por qual motivo Kiske se manteve "escondido" durante esses anos para tacar fogo novamente com o Unisonic? Seja lá qual for a resposta, a escolha para traze-los ao festival foi uma das mais felizardas que pudemos acompanhar. Eu não sei os outros, mas eu não esperava o Unisonic tocar antigos clássicos do Helloween no Monsters of Rock, mas aconteceu o contrário, pois pedradas absolutas como I Want Out fez muitos marmanjos chorarem. Foi uma bela apresentação. Unisonic está de parabéns!
Unisonic

Sobre o que veio em seguida, poderei parecer um pouco suspeito para falar/escrever, mesmo concordando em partes com o que o ex-vocalista do Accept disse em entrevistas recentes, que o atual Accept está muito automático no palco e precisando de mais emoção, o que acompanhamos com esse medalhão alemão no palco foi um dos maiores petardos que tivemos nesse dia de domingo. o baixista Peter Baltes pode rebater Udo com sua performática e arrasadora apresentação no Monsters, além de Mark Tornillo (vocais) e Wolf Hoffmann (guitarra), fazendo levantar a bandeira do Accept. Abrindo com Stampede, faixa arrasa-quarteirão do seu mais recente álbum "Blind Rage", de 2014, passando por Stalingrad, do disco-homônimo de 2012 e chegando até a surpresa da noite, o clássico London Leatherboys, presente em Balls To The Wall (1983), algo inimaginável em um festival, já que o set é curto, para espaço para esse Heavy Metal de primeira linha. Os ponteiros do relógio já apontavam 18:45 e nenhuma falta de Herman Frank e Stefan Schwuarzmann podia ser sentida, pois o ex-Grave Digger Uwe Lulis cuidou muito bem da guitarra, apesar de sua tímida apresentação, além do ótimo baterista Christopher Williams, um verdadeiro showman das baquetas, qualquer fumaça negra dos ex-integrantes que sairam para formar o Panzer alemão não ameaçou o Accept. Como de costume, sem nenhum sinal de chuva (apesar de querer chover) a banda encerrou com Balls To The Wall depois de um glorioso set para ficar na memória. O Heavy Metal havia começado. Era hora de Manowar...
Accept

Em meio à "olê olê olê olê! Água! Água!" do público, tamanha era a sede e a falta de ambulantes naquela altura do campeonato com os pés doendo e a fome tomando conta, o Accept saía de cena para a equipe do Manowar colocar seus amplificadores gigantes em palco. Na espera, era visível todos querendo qualquer tipo de líquido para molhar a goela, sejá lá uma cerveja ou uma água, os guerreiros Headbangers ainda teriam muito pela frente.
Nos bastidores, a banda Nova Iorquina permitiu apenas registros fotográficos dos profissionais nos 10 primeiros segundos do show, no que resultou em até mesmo na recusa de muitos à tirarem fotos do Manowar. Seja lá como for, a noite caiu e com ela um estrondo prometendo um show histórico foi ouvido. De todos que tocaram, a trupe do baixista Joey DeMaio tocou mais alto, chegando à uma altura absurda de decibéis jorrados em todo o Anhembi. Infelizmente, o que estava na saga de ser um ótimo show, foi ofuscado pelo som ensurdecedor e pela arrogância de Joey DeMaio para com as outras bandas que se apresentaram por alí. Antes da execução do já clássico de 2002 Warriors of The World United, o baixista apareceu sozinho no palco empunhando um microfone e uma lata de Bohemia (e nessa hora eu quase morri de vontade de um gole, tamanha era a sede). Para surpresa de muitos que não sabiam, o gringo mandou um português fluente e direto para os Headbangers "o Manowar toca para os fãs, e quando tocamos no Brasil, devemos falar português, pois aqui no Brasil se fala português, e para quem não gosta do nosso som, vai se foder! E para quem não gosta do Manowar, vai se foder! E para quem não gosta de Heavy Metal, vai se foder!" logo em seguida "matando" toda a lata de Bohemia e tomando um banho da mesma ao mesmo tempo... uma atitude um tanto quanto Peito-À-Frente. Interessante foi a execução do obrigatório Battle Hymn, onde Joey tocou a introdução (e me desculpem, muito mal tocado) em seu baixo de cordas duplas (!), onde, claro, a guitarra é o instrumento do início, com a regulagem de som beirando a precariedade. Mas o que falar de Eric Adams? O vocal quase não perdeu a pose durante todos esses anos e canta como um jovem de 26 anos. Eu estava esperando por um ótimo show, infelizmente, em minha opinião, não pude presenciar diante de muitos detalhes que poderiam ser ajustados mais cuidado por toda a equipe.
Manowar

Era preciso um pouco de força para aguentar a maratona pesada desde às 10:00 da manhã de pé acompanhando todo o festival com muita atenção. Confesso que comecei a ficar preocupado com a possível queda de pressão se eu não encontra-se uma água por perto, mas a paixão pelo Rock 'N Roll fala mais alto, e lá estava eu e os cerca de 40.000 rockeiros esperando a majestade Judas Priest adentrar em palco (novamente, pois no dia anterior eles também tocaram no mesmo festival, sendo a única banda com um "Special Guest") para sua "Reedemer of Souls Tour", já explodindo de primeira com a faixa que abre o disco de 2014 chamada Dragonaught, para delírio da galera. Rob Halford, no alto de seus 63 anos, se esforça com maestria e seus agudos permanecem intactos ao poder do tempo. Richie Faulkner é um caso à parte... substituindo KK Downing, faz todo o show com muito bom humor e sempre procurando levantar os fãs e conduzindo muito bem sua Flying V ao lado de Glenn Tipton. A quinta faixa do último álbum, March of the Damned, é de arrepiar até os ossos e com o telão mostrando uma possível passeata de zumbis, o que faz jus direto com a letra da música. Mas, na hora de Victim of Changes, a coisa foi longe, pois, presente no disco "Sad Wings of Destiny", de 1976, se tornou faixa obrigatória em qualquer show da banda, sendo executada até mesmo na comemoração de 30 anos de British Steel, onde tocaram o disco na íntegra por todo o mundo, gravando, inclusive um DVD dessa tour em 2010, ainda com KK Downing nas guitarras.
O Judas Priest estava dando um show verdadeiro de Heavy Metal que poderia fazer muito cara por alí chorar de emoção ao ver esses monstros em suas dianteiras, ainda mais quando o saudoso momento em que Rob sobe em sua Harley e vai direto para o palco, para delírio completo em todo o Anhembi. Muita faixa faltou alí, mas vamos ser francos... a banda tem tanta música boa que incluir todas em um show fica impossível, ainda mais em um festival. No finalzinho da apresentação, na execução de Painkiller, consegui uma Budweiser com um ambulante à R$10,00, eu poderia pagar até R$15,00, se fosse o caso, e virei tudo em menos de 20 segundos, para alívio total e sossego para esperar o Headliner do dia subir ao palco, Kiss.
Richie Faulkner e Glenn Tipton - Judas Priest

Não vamos entrar em detalhes aqui sobre "Ah, eu prefiro o Ace" ou "Ah, eu prefiro o Peter", a verdade é que o Kiss continua soberano no mundo do entretenimento, mesmo faltando um pouco de espontaneidade e emoção em alguns casos. Com uma demora de cerca de uma hora do horário previsto para os mascarados do Kiss entrarem em cena (a previsão era de 22:30), e com o som mecânico mandando sons como Rock And Roll, de Led Zeppelin e The Flame, de Cheap Trick, Paul, Gene, Tommy e Eric entraram com o petardo Detroit Rock City para tremer a arena, deixando lágrimas de alguns fãs rolarem enquanto se preparavam para ficarem sem voz no dia seguinte. Com uma possível gripe, os agudos ficaram ausentes na garganta de Paul Stanley, mas nada disso impediu que a apresentação fosse completamente arrasadora, com o showman à todo momento atencioso com suas palavras de "I Love You São Paulo" e dando uma verdadeira aula de como se comportar em um palco. Já Gene Simmons, o eterno Demon, continua sendo o topo quando se trata cuspir fogo e de "vomitar" sangue antes de God Of Thunder. Entrando em um detalhe muito legal, foi ótimo ouvir ao vivo a faixa Shout It Out Loud, do álbum "Destroyer", de 1976. Alí era apareceu toda impactante, arrancando gritos em uníssono no refrão. Para quem esperou, o starchild Paul Stanley ainda passeou de tirolesa por grande parte da galera em Love Gun, aproximando-se ainda mais dos fãs, e depois voltando para Black Diamond, com Eric Singer assumindo os vocais e oferecendo sua bateria levitando ao Anhembi.
Kiss

A ideia do Monster of Rock é ótima, trazendo nomes como esses acima para uma jornada de muita música e fazendo a alegria de Headbangers Brasil afora, que puderam acompanhar o sábado ou o domingo, ou os dois dias. Resta tentar responder a pergunta que paira no ar: quantos mais artistas e dinossauros desse calibre estarão disponíveis para uma possível próxima edição? Para alguns pode ser fácil responder, mas a verdade é que o tempo passa, e quem viu, viu e não vai esquecer, assim como eu, que fui embora na adrenalina de Rock 'N Roll. 
Não vou à muitos shows até por conta de falta de oportunidade ou afins, mas as coberturas continuarão pela preservação da música. Let's Roll!
















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