Yes - Roundabout (1972)
O Vinho & Vitrola traz uma análise de Roundabout, um dos maiores clássicos do Yes e de toda a goma histórica do Rock 'N Roll, em uma homenagem ao baixista Chris Squire, morto no última dia 27 de Junho de 2015, decorrente de uma leucemia linfoide aguda. Para relembrar o trabalho estupendo desse grande e eterno baixista, Roundabout foi escolhida devido à sua linha de baixo instigante.
Escrita por Jon Anderson (vocais) e Steve Howe (guitarras) durante a The Yes Album Tour, e apresentando-a ao vivo ainda em Novembro daquele ano de 1971, antes de ser lançado como single junto com Long Distance Runaround no lado B. A coisa foi tomando forma definitiva quando entraram em estúdio nesse ano para registrar a faixa com todos os integrantes.
Com uma letra icônica e sombria, onde muitos afirmam ser parte da vida pessoal de Jon Anderson, a parte instrumental se torna clássica com variações de tempo e com o teclado de Rick Wakeman (estrante no Yes na época) em seu devido lugar. Não é e nunca será necessário economizar palavras para falar do Yes entre 1972-1974 pois, com um time desses, a coisa pega. Mas, sem rodeios, a bateria Jazzística de Bill Bruford entra em fusão com o baixo "distorcido" e cheio de vida de Chris Squire, fazendo uma das linhas de baixo mais conhecidas do período, permanecendo até hoje como influência direta para muitos entendedores das 4 cordas.
A histórica e épica faixa de pouco mais de 8 minutos se tornou um dos clássicos do Rock Progressivo de todos os tempos e item obrigatório nos concertos do Yes, sendo incluída no álbum Fragile, gravado em 1971 e lançado em 4 de Janeiro de 1972. E se tiver dúvidas, apenas lembre-se de simplesmente aumentar o volume e deixar que Steve Howe inicie com seu violão erudito até a crescente e pulsante entrada com Chris Squire e Bill Bruford para dar espaço ao Hammond clássico de Rick Wakeman, e o resto você saberá.
Mott The Hoople - All The Young Dudes (1972)
O Mott The Hoople sempre foi uma banda que gravava seus discos no início de carreira, mas que nunca chegava ao sonhado sucesso, mesmo que os shows poderiam ser um oceano de pessoas. Era um disco gravado e uma decepção pelas fracas vendagens, mas os shows sempre lotavam. E, desanimados, à ponto de jogarem a toalha, um telefonema muda tudo. O futuro camaleão do Rock, David Bowie, "admirador secreto" da banda, ainda subindo as escadas do sucesso no inícios dos anos setenta e prestes a lançar seu inconfundível Ziggy Stardust And Spiders From Mars, soube que a banda estava quase que determinada a encerrar as atividades. O baixista Pete Overend Watts recebeu uma chamada de Bowie para continuarem com a música Suffragette City, sendo recusada de imediato. Dentro de duas horas depois, Watts recebeu outra ligação de Bowie, dizendo que escreveu uma canção e que "poderia ficar ótima".
A faixa, um grito de conflito de gerações, com citações à Beatles e Rolling Stones, além de leves cutucadas à Marc Bolan, como o próprio Bowie disse em 1974 "não é um hino à juventude, como as pessoas pensam, é exatamente o contrário", foi e é o maior sucesso do Mott The Hoople até hoje.
Ainda que o Glam-Rock estava em ascensão naquele ano de 1971 com posteriores lançamentos de Slade (Slayed?) e T. Rex (The Slider), All The Young Dudes se tornou uma espécie de hino-refúgio juvenil, com parte da letra anunciando o fim próximo da Terra em cinco anos.Mesmo com letra forte e um empurrão de energia dramática, o grande chamariz da canção se dá pela introdução de guitarra inesquecível de Mick Ralphs e pelo refrão pegajoso de Ian Hunter & Cia, muitas vezes cantado em uníssono pela plateia nas apresentações.
O single All The Young Dudes ficou na posição 253 pela revista Rolling Stone, em 2004, no The Greatest Songs Of All Time.
Alice Cooper - Billion Dollar Babies (1973)
Em meados de 1973, Alice Cooper queria elevar as apresentações teatrais para um nível superior. Billion Dollar Babies saiu como single com Mary Ann no lado B meses antes do álbum de mesmo nome sair do forno, causando alvoroço no mundo inteiro e tendo como conquista o trabalho de maior sucesso do quinteto (e do próprio Cooper em carreira-solo). Esta música foi composta por Alice, pelo guitarrista Michael Bruce e pelo guitarrista de estúdio Reggie Vinson (músico convidado que estava trabalhando com a banda nas gravações), mas algumas fontes ainda creditam o nome do baterista Neal Smith.
Estavam todos no estúdio quando, de repente, Alice sumiu, completamente bêbado, indo parar na sala de gravação ao lado, onde encontrava-se o cantor americano Donovan. Cooper logo disse "saia já daí e venha cantar Rock de verdade com a gente...", e um animado Donovan topou. O resultado foi um dueto interessante em Billion Dollar Babies, com os dois interagindo e repetindo frases dos versos criando um ritmo frenético e incomum. Fato curioso, a música foi uma das mais bem aceitas e até hoje uma das mais conhecidas e obrigatórias de Alice Cooper, apesar do álbum inteiro ser uma verdadeira "coletânea", pois não vejo uma música chata se quer ao curtir o lado A e o B.
A faixa ainda foi usada no jogo de Xbox 360, Guitar Hero II, mas com o nome levemente alterado para Million Dollar Babies. Ainda há de citar que seu refrão tem praticamente a mesma melodia de Tell Me To My Face, de 1966, da banda The Hollies. Logo após este episódio insano, o grupo ainda gravou Muscle of Love em 1974, "desbandando" pouco tempo depois. Alice saiu para carreira-solo levando consigo o nome, os outros integrantes montaram outra banda, e o nome... Billion Dollar Babies.
Chris De Burgh - Flying (1975)
Filho de pais ingleses mas nascido em Venado Tuerto, na Argentina, Chris De Burgh é aquele artista que nós sempre lembramos pela sua balada de 1986 Lady In Red, e meu querido pai quem o diga dessas lembranças. É por isso mesmo. Esse argentino naturalizado na Irlanda não possui apenas Lady In Red ou Carry Me em sua bagagem, carregando corações cheios de emoções na segunda metade da década de 80, mas também tem uma carreira musical bem equipada desde lá trás, nos idos de 1974.
Flying é uma balada rasga-emoções que poucos conseguiam fazer mesmo em uma década consagrada como os 70's. Primeiramente batizada de Turning Around e inclusa no álbum folk Far Beyond These Castle Walls, não conseguiu lá boa repercussão na terra da Rainha e em toda a Europa (coisa que aconteceria em boa parte de sua carreira, tendo seus sucessos reconhecidos em países das Américas). O álbum, lançado em Fevereiro de 1975, passou quase que despercebido, e cinco meses depois Chris resolveu lançar como single Turning Around, mas desta vez renomeada para Flying. Não conseguiu o sucesso procurado ainda como single, mas a canção subiu para um impressionante número 1 das paradas no Brasil e por lá ficou por 17 semanas.
Para nossos pais (pelo menos no meu caso, que sou nascido em 1993) que sempre dizem lembrar-se da década de 80 e com orgulho dizer grandes nomes como este, Chris De Burgh, por vezes apenas lembram do mega-hit número 1 Lady In Red, mas não fazem nem ideia da vasta discografia deste talentoso Argentino-Irlandês, e Flying é uma bela pedida para começar a vasculhar o baú.
The Bee Gees - I Started A Joke (1968)
O grupo ainda era chamado de The Bee Gees quando, em 1968, o álbum Idea foi lançado com uma curiosidade: a diferença das capas das versões americana e inglesa. Idea vendeu milhões de cópias no mundo todo e trazia uma canção emblemática: I Started A Joke.
Produzida pelo grupo junto com os dedos do produtor Robert Stigwood, a música foi lançada como single em 21 de dezembro de 1968, tendo Kilburn Towers como lado B (exceto na França, onde Swan Song foi usada). I Started A Joke também é marcada por ser o último single com a participação do guitarrista Vince Melouney em trabalho com os irmãos Gibb. E, por falar em irmãos Gibb, os créditos dessa maravilhosa música é deles.
Sendo a última a ser gravada para o álbum Idea, Robin Gibb lembrou como veio a inspiração:
"Estávamos a bordo de um avião British Airways Vickers e as turbinas foram as responsáveis por trazerem uma espécie de melodia através dos zumbidos que ouvíamos no interior da aeronave. Soava como um coro de igreja!"
Barry Gibb ri lembrando que "havia muita psicodelia naquela época e, todo som que ouvissemos era tratada como melodia e alguém tiraria proveito disso". De fato, tudo aconteceu de uma brincadeira, como a mesma música trata em sua letra melancólica e de tamanho sentimento.
I Started A Joke atingiu a posição de número 1 na Dinamarca, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e em nosso país, cravando para sempre na história uma obra que começou de uma brincadeira muito séria.
Kool & the Gang - Cherish (1984)
Costumo dizer que Cherish é uma daquelas músicas que o vizinho também canta quando a vitrola começa a fazer o seu serviço. De fato, a popularidade da canção faz jus à fábrica de hits que foi o Kool & the Gang por muito tempo. Preste atenção e verá que essa música costuma fazer parte de trilhas sonoras de casamento. Cherish é uma balada que merece atenção.
Foi o terceiro single tirado do álbum Emergency, do ano de 1984, o último da banda em parceria com a De-Lite Records. A parceria durou 15 anos. Mas o último da parceria não poderia deixar de ser um sucesso, e Cherish foi posição número 1 na parada de Artistas Contemporâneos da Billboard por seis semanas seguidas. Já na Billboard Hot 100, alcançou o 2º lugar em setembro de 1985 e lá ficou por três semanas, vezes rivalizando com Money For Nothing, do Dire Straits, que naquela altura do campeonato segurava o 1º lugar.
O som de águas da praia na introdução da canção combina perfeitamente com os primeiros versos: "Let's take a walk together near the ocean shore" (Vamos passear juntos perto da costa do oceano) e o refrão indica exatamente o sentimento de cura quando sabemos apreciar a vida e o amor, sempre à nossa frente, e Cherish foi concebida exatamente dessa forma. Gravando o disco nas Bahamas, no Compass Point Studios em Nassau, o vocalista James Taylor assistiu por um momento os filhos dos membros da banda brincando na praia e pensou o quão abençoados eram e o momento maravilhoso que todos estavam vivendo. JT passou a ideia de uma canção influenciada nesse acontecimento ao baixista Robert "Kool" Bell, que o acompanhou na composição.
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