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Resenha - Echoes of Revolution (Inluzt, 2020)
Costumo dizer que um show deve começar com o mesmo acorde com o qual for terminar a noite, encontrando aí o ponto de equilíbrio em seu desenvolvimento. Equilíbrio parece ser a palavra que define o trabalho da banda jundiaiense Inluzt, que acaba de lançar Echoes of Revolution, o seu primeiro álbum de estúdio. E, se o equilíbrio é a palavra-chave, notamos também total engajamento entre uma música e outra, tornando o trabalho coeso e interessante, remetendo-nos ao passado, quando a ordem das músicas de um álbum era construída a dedo para dar significado à obra e sugerir o discernimento por parte do ouvinte.
A banda conta com 4
figuras emblemáticas, sendo eles: Fabz (vocais), Mexx (baixo), Luke (guitarra)
e Lexxi (bateria). Com esta formação, o som da banda virou uma espécie de
pólvora incisiva arremessando centelhas para todos os lados. Aliás, nunca na caminhada
da banda um guitarrista se encaixou tão bem ao propósito da banda tanto
musicalmente quanto visualmente, e é o que Luke, o mais novo membro, trouxe
para fazer da Inluzt uma banda 100% genuína dentro de seu estilo.
Em se tratando de Echoes
of Revolution, ouvimos uma explosão de refrãos marcantes, riffs diretos e
pegajosos, cozinha borbulhante e vocais que tocam o céu. O mais novo trabalho
do quarteto de Jundiaí mostra que o Brasil tem fortes representantes do Hard
Rock, estilo tão apaixonante e provocante. O equilíbrio aparece mais uma vez,
indo na contramão de composições que miram refrões chicletes que acabam minando
a paciência do ouvinte. Aqui, a Inluzt usufrui de um artifício que toda banda
deve ter: coerência. As canções de Echoes of Revolution estimulam as pessoas a
ouvirem mais de uma vez em sequência.
O trabalho se inicia com
Echoes, um cartão de visita que me levou à 1984 (o nome do Romance), livro de George
Orwell, um mundo distópico que se casou com a refinada arte de capa de André
Meister. O clima futurista leva-nos à um sentimento de abdução trágica, abrindo
espaço para Revolution. Essa música mostra que a criatividade de Fabz para
compor riffs está em sua alma. “We are the boys, we are the ones, we are the
Revolution, we are those who will change the world” é cantado a plenos pulmões,
tornando a faixa uma das mais explosivas que já vi em aberturas de discos.
Follow the Leader foi
lançada como single e tem seu videoclipe disponível no YouTube, e é um dos
momentos mais legais dos shows da banda. Confesso que, quando a ouvi dentro do
álbum, senti um calor muito mais intenso, como se todas as outras canções
estivessem emanando essa energia. A canção é dona de uma das pontes mais fortes
do disco.
Na sequência, temos Inluz
Boys, a velha conhecida que está presente nos shows da banda desde o início dela,
uma referência gloriosa embrulhada em formato de música para aqueles que querem
entender o que é a Inluzt e o que ela representa. Sendo ela mais um single
previamente lançado, esse hino é capaz de reger os corações sedentos pela
aventura de se viver na estrada.
One More Night, outra
velha conhecida dos fãs mais longevos, aqui ganhou uma roupagem que me remete à
Ready to Strike, o debut da banda norte-americana King Kobra, lançado em 1985.
Os licks dessa música, para mim um dos pontos altos do álbum, são capazes de
ambientar a quem estiver dirigindo por aí com as luzes acesas de pubs dando
boas-vindas ao regozijo oitentista.
Como a música da banda
conversa com a imagem sem fugir do assunto, All She Wants, também extraída como
single, tem a imagem de Mabs Radel na memória sempre nos fazendo lembrar de seu
icônico videoclipe. All She Wants dá uma chacoalhada no repertório e dita a
regra quando o assunto é “tudo o que ela quer”.
Em seguida, o álbum traz
Love’s A Crime, que, na minha opinião, é o ponto alto do disco. Sua pegada
quase introvertida dá espaço para Lexxi elaborar uma fantástica linha de
bateria. Aqui não há espaço para dissimulação, e a pegada projetada em nuance
faz de Love’s A Crime um poderoso arsenal de fagulhas digno de aclimatar o
coração mais machucado. E o que dizer do solo? Aqui realmente não caberia
virtuosismo engenhoso, e sim o “equilíbrio”.
Para esquentar os tímpanos, a
canção Bourbon Room, também já muito conhecida pelo público, faz a maravilhosa
linha de baixo de Mexx ficar registrada, finalmente, nessa música que funciona
muito bem ao vivo. Conhecida por causar frisson nos fãs, Bourbon Room traz uma
aula pura de Sleaze, em contraponto com mensagens curiosas no decorrer de sua
execução. Com certeza, um vôo sem garantias de pouso.
Com tantos decibéis
descarregados ao longo do disco, o fim do debut se dá com Take Me to The Party,
música geralmente usada como encerramento dos shows. Aqui, os BPM’s são
acelerados e otimizados à maneira Inluzt de ser: muita festa e “drinks
honestos”. Perfeita para dar um gosto de “quero mais”, Take Me to The Party
afirma com insistência como a banda, conduzida com punho de ferro na estrada,
costuma terminar a sua apresentação: com o mesmo acorde com o qual começou o
show, sem desviar o olhar à direções que colocariam tudo a perder.
Olhando de retrospecto
todo o conteúdo, Echoes of Revolution é um conjunto fenomenal de canções que
conversam entre si, transportando em sua bagagem um misto de tradicionalismo
com novas tendências, características que são primordiais à linguagem da Inluzt
desde que ela era uma recém-nascida. Se a analogia for um quebra-cabeça de mil
peças, essa brincadeira foi logo resolvida com 4 peças essenciais e que
destinam o seu incansável impulso ao futuro, resgatando com maestria o que se
tornou lendário lá atrás.
Gravado no Sensorial
Lab e mixado e masterizado por Henrique Canale, Echoes of Revolution tem o
apoio da Civil Alien Records, em Los Angeles, e ainda traz o trabalho de
fotografia de Dani Moreira. Para ouvir o disco, tenha em mente que as
composições ganham um desempenho mais enérgico e carismático ao vivo, provando
que o habitat natural da Inluzt é o palco. Sim, esse é um convite para os shows
de divulgação de Echoes of Revoltion.
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